08 janeiro 2008

Do lat. instinctu, s.m., impulso natural, independente da reflexão

Instinto é uma história sobre o Homem, a liberdade, a sociedade, as relações, a insatisfação, e a coragem de fazer escolhas. É a história de um homem que foge de uma sociedade de «arrebatadores», de pessoas que só buscam o controlo e o domínio, e se refugia em África, a observar gorilas.

A relação com o saber é uma relação com o tempo, é esse tempo que o Doutor Ethan Powel dedica aos gorilas. É esse tempo que lhe permite ter a apropriação do mundo, a construção de si próprio, a inscrição numa rede de relações com os outros. É o tempo em que constrói, que faz nascer a confiança, e que lhe permite entrar no puro mundo dos animais que julgam apenas por instinto.

Há neste homem sabedoria suficiente para compreender que a sua escolha não pressupôs o abdicar do controlo, da liberdade ou do domínio, porque nenhum ser humano é Deus, nenhum homem é dono do mundo. Escolher, significou apenas perder as ilusões, ilusões essas que nos fazem lutar por um lugar numa sociedade na qual por vezes não nos sentimos em casa, na qual nos sentimos estranhos.

"Aprender, numa história, que de uma só vez, é profundamente minha, no que ela é única, e me escapa por todos os lados".

A vida existe fora do jogo que nos habituámos jogar. Lutamos para que gostem de nós, para que nos aceitem, para termos as melhores oportunidades, e esquecemos que, desta forma, estamos apenas a sobreviver. Jogar o jogo da vida, o jogo que a sociedade nos ensinou e no qual queremos ser os melhores, não significa VIVER.

Porque viver é estar fora do jogo, e só quem está fora é capaz de perder tudo para defender quem ama, como Ethan Powel fez com os gorilas, e só assim se está preparado para se ser amado.
A sociedade transmite-nos o saber de que necessitamos, mas cabe a cada um de nós decidir o que fazer com esse mesmo saber e, acima de tudo, ensina-nos também que não há nenhum saber que substitua o sabor que devemos retirar da vida.