10 janeiro 2008

Sem-Razões

Sou contraditória.
Tenho um lado demasiado apegado a tudo, que detesta mudanças bruscas, guarda bilhetinhos de cinema, concertos e afins, usa sempre a mesma chávena no pequeno-almoço, tem dificuldade em desfazer-se das roupas que já não usa, e crê que de lar só pode chamar estas quatro paredes cujo cheiro e cores são familiares.
Tenho um outro lado, que é excessivamente desapegado de tudo, que quando baixa em mim, me faz rasgar os bilhetinhos, dar as roupas sem peso na consciência, renovar tudo o que posso, quebrar o ritmo, sair de mim, desmemoriar-me do que quero, ser sem-abrigo com tecto próprio.

É esse meu outro lado que está ao comando neste momento.

Muitos têm opinado sobre a mudança de blog, e constatei que está longe de existir consenso. É curioso como um espaço acaba por se tornar parte da nossa identidade.

Quem está de fora, cria uma imagem do autor, não apenas baseada no que é escrito, mas também baseada no layout, no nome, nas cores, no modo como tudo está organizado (ou não).
Não vou tentar explicar as razões que me fizeram mudar. Não tenho bons motivos para a escolha do título ou do nome com que assino; desconfio até que muitos ficariam desiludidos. É tudo fruto do acaso, dos devaneios do momento, veio à cabeça e eu soltei.

Um nome. Uma cor. Um layout.
Tudo é muito pouco para justificar os motivos que me (nos) mantêm aqui.

E eu não dou garantias de nada.
Inalterável, apenas a certeza de que, seja em fase de acolhimento ou de sem-abrigo, seja aqui ou noutro blog, com nome de flor ou de cor, eu sou a mesma pessoa de sempre e não escrevo para agradar, escrevo para me libertar.