30 abril 2008

Há quem busque motivos para estragar a própria felicidade.

Os ciúmes matam. Perdoem-me todos aqueles que enchem a boca para dizer que ciúme é prova de amor. Ciúme é sinal de insegurança. E a minha concepção de amor não combina com prova. Quem ainda não sabe, um dia irá descobrir que ninguém é de ninguém mesmo quando se ama alguém. Pessoas vão e vêm e não há certificado de segurança que nos garanta o tempo da estada. A quem está comigo não exijo nada além de sinceridade, seja para ficar ou para partir. Não quero que fique por mais tempo do que aquele que o amor durar. Não quero que se molde para estar mais de acordo com os meus padrões. Não tenho sequer padrão. Sou um milhão numa só, diferente para cada pessoa que convive comigo, não espero dos outros o que eu própria não posso dar. Dispenso ceninhas de ciúmes para mostrar que se preocupa comigo. A única coisa em que ciúme me faz pensar é incerteza, falta de fé em si mesmo, tentativa frustada de tapar o sol da concorrência com uma peneira. Sim, concorrência. Ela existe e está em qualquer esquina. Se nos apaixonamos por uma pessoa, porque motivo achamos um descaramento que outra pessoa se apaixone também? Ninguém vive numa redoma. E com certeza não podemos controlar quem amamos. Ciúme não prende ninguém do nosso lado. Pelo contrário. Ciúme sufoca, e quem se sente sufocado irá necessitar de ar para respirar. Mais cedo ou mais tarde, antes que morra. Porque ciúme mata. O encanto. A paz de espírito e a alegria. A certeza e a vontade. O amor. Amor que só podemos considerar pleno quando temos certeza de que quem está do nosso lado sabe exactamente os milhares de hipóteses que tem, mas por opção própria escolhe ficar connosco. Muitos irão dizer que ciúme é tempero, falar da pitadinha que dá gosto a um relacionamento. Mas sal também tempera e nem por isso deixa de matar.