Fotos: Carmim
Depois de semanas de chuva ininterrupta, o sol voltou finalmente a brilhar. Chuva combina com edredão, chá quente, lareira, botas, casacos grossos. Chuva deixa o cabelo baço e desgrenhado, as roupas húmidas, dá sensação de desconforto no corpo e especialmente na alma. Decididamente não me dou bem com tempestades. Nasci para o sol, luz, calor, roupas leves, gente disposta. Gente. Nos últimos dias tenho pensado muito no que é ser gente. As pessoas acabam por ser um pouco como os dias. Umas são mais cinzentas, outras mais coloridas. O mundo é feito de contrastes e eu gosto dele assim. Dos opostos, da partilha de diferentes olhares e sentires. O que me desconsola é ver quem já teve tantas cores tornar-se cinzento, opaco. Fico a pensar em como os humanos são instáveis, na facilidade com que sobrepõem valores, como o instinto de benefício próprio berra mais alto e reduz tudo o que é bom a pó, ou nada. O homem pode ser céu azul, mas quando vira tempestade é mais devastador do que o próprio El Niño.
24 abril 2008
Tempestades e Amenidades
Por
Carmim