Acolher ou Apartar?

"... imagine all the people
Sharing all the world..."

Reconheço que todos nós defendemos as cores da nossa bandeira, os costumes da nossa cidade, a beleza da nossa gente, a singularidade do nosso país. É compreensível que eu pense que a minha família é a melhor, que o outro pense que a sua é que é, e por aí adiante…
O que eu não consigo entender é a mente fechada, preconceituosa e limitada de alguns. Ter a ideia é uma coisa, acreditar de facto nessas ilusões patrióticas, familiares, entre outras, é outra. É-me impossível ouvir certas barbaridades sem ficar com os olhos arregalados de espanto e medo. Sim, ignorância amedronta. As generalizações também.
Coisas como «todos os homens portugueses têm bigode e as mulheres buço», «todos os europeus são distantes, frios e arrogantes», «no Brasil só existem favelas e delinquentes», «brasileiros passam fome o ano inteiro, mas o que lhes importa é o Carnaval», enfim, são meros exemplos de uma falta de informação muito grande e preocupante. Especialmente quando essas opiniões partem de pessoas que nunca estiveram de facto nos lugares que avaliam.
Sempre que ouço algo do género tenho vontade de gritar: “Hey, monas e princesas existem em qualquer lugar do planeta”, “A Europa é constituída por países completamente diversificados, é impensável fazer comparações”, “Uma pessoa é uma pessoa não importa o lugar onde nasceu ou a língua que fala”. Eu não moro num país modelo, aqui nem todas as pessoas valem a pena. Mas com certeza tu, e tu, e tu, e tu que estás agora a ler este texto também não.
É urgente alguma coerência e inteligência. Antes de criticar seja quem for, o país que for, a pessoa que for, vamos olhar mais em volta e reparar nas limitações do que nos é próximo, sobretudo nas nossas próprias falhas.